A importância do diálogo na liberdade religiosa: Caso Eliziane e Feliciano

A importância do diálogo na liberdade religiosa: Caso Eliziane e Feliciano

Pelo contexto que posso discernir da fala, parece que a deputada tem opiniões informadas profundamente pelas crenças religiosas. O pastor que ela critica certamente também expressou opiniões (que desconheço) baseadas na religião. O fato que as opiniões estão em contradição entre si demonstra que as opiniões religiosas as vezes divergem muito, ainda dentro da mesma confissão.

A história da religião e da liberdade religiosa demonstram a importância das pessoas coincidirem no princípio da livre expressão e o diálogo cívico no debate público. Ideias diversas são essenciais no debate público para aprendermos uns dos outros e encontrar soluções na política pública. O desacordo, inclusive o desacordo sobre a religião, não é o problema. Mas devemos aprender a desacordar melhor para chegar a soluções e preservar a convivência pacífica. Isso vale tanto para as famílias quanto para a sociedade democrática.

A liberdade religiosa oferece uma ferramenta para um ambiente de respeito mútuo. Acredito que expressar opiniões formadas pela religião, mesmo no debate político, não é um problema. O problema pode ocorrer quando insistimos em nossa opinião sem conceder espaço para as opiniões dos outros.

Não posso comentar sobre o impacto da fala porque não conheço bem o campo evangélico no Brasil. Somente posso dizer que em outros países não é comum referir tanto à Bíblia no discurso político para criticar outras pessoas, mas acho que a liberdade religiosa proporciona espaço para fazê-lo. Certamente em muitos países referir de alguma forma à religião no discurso público é comum.

* Os textos publicados pelo Observatório Evangélico trazem a opinião e análise dos autores e não refletem, necessariamente, a visão dos demais curadores ou da equipe do site.


Gary Doxley é acadêmico da Universidade Brigham Young.