Armas e disparos são derrota para os cristãos

O disparo acidental da arma do ex-ministro da educação e pastor Milton Ribeiro no balcão de check-in de um aeroporto representa, ou deveria representar, uma grande derrota para os cristãos. Como um cristão, agradeço a Deus que não houve uma fatalidade. Mas não deixo de me indignar com a situação.

Muitos textos bíblicos falam da esperança de um futuro em que o Reino de Deus está plenamente estabelecido e que as forças infernais da morte não têm mais poder neste mundo. Pedro falou de novos céus e nova terra onde habita justiça. O mesmo Pedro, que anos antes decepara a orelha de um homem na cena da prisão de Jesus, e fora repreendido pelo mestre por causa disso. Ouviu dele que quem vive pela espada, morre pela espada. Isaías, o profeta do Antigo Testamento, falou de uma realidade em que as crianças iriam brincar perto dos ninhos das cobras, o cordeiro e o lobo viveriam juntos. Reconciliação e paz. Ninguém promove morte. Em outra ocasião, o mesmo profeta falou que Deus haverá de resolver a contenda entre os povos, e o resultado seria espadas e lanças transformadas em arados e foices. Instrumentos de morte, à serviço do medo e do falso sentimento de segurança, transformados em instrumentos que preparam a terra para gerar vida.

Como um cristão que vive orientado por uma cosmovisão bíblica, a esperança de um mundo sem armas; mundo reconciliado, justo e pacífico, é o que me faz viver. Pois a esperança é um poderoso elemento que atua na construção da identidade de um indivíduo e, ou, de um povo.

Com tristeza digo que não sei em que realidade vivem, em que narrativa habitam, cristãos que julgam bíblico e correto, segundo a vontade do seu Deus, portar armas e fazerem delas os seus instrumentos de segurança.