Assistência das Igrejas tem melhorado, mas ainda falta integração

As políticas públicas para pessoas em situação de rua são novas no Brasil. Dentro do SUAS (Sistema Único de Assistência Social), temos o Centro Pop, os abrigos, os albergues. Os projetos com os programas de baixa, média e alta complexidade.

Historicamente, a assistência social é um mérito da Igreja Evangélica e da Igreja Católica. O padre Júlio Lancelotti tem um trabalho com população de rua, com o sistema prisional em São Paulo, e é uma referência para nós, uma pessoa que realmente se importa com aqueles que estão encarceradas e em situação de rua. Eu também sou há 20 anos capelão prisional, e trabalho diretamente com a população de rua da região metropolitana de Belo Horizonte. A cidade Contagem-MG, foi uma das primeiras cidades do país a ter políticas públicas direcionadas para pessoas em situação de rua, e lá fui o fundador do Centro Pop.

Uma das questões que aparecem no debate sobre a assistência social das igrejas é o diálogo com a coisa pública - que é complexo e tem muitas distorções. Uma das principais ferramentas que a comunidade evangélica vem utilizando ao longo dos últimos 60 anos aqui no Brasil, que existe antes de qualquer tipo de iniciativa pública, são as comunidades terapêuticas (CTs).

Entre essas comunidades existem trabalhos muito sérios, e existem também aqueles trabalhos de cunho proselitista. Entretanto, no geral essas comunidades têm se profissionalizado muito. As comunidades terapêuticas têm ganhado uma roupagem técnica, com psicólogos, assistentes sociais e psiquiatras. O trabalho tem assim melhorado muito.

Existem alguns recursos e repasses públicos para algumas dessas iniciativas. Entre eles, os equipamentos que são complementares à política do SUAS (Sistema Único de Assistência Social), os Centros Pop, que são centros de atenção especializada para a população de rua sem pernoite, e os abrigos e albergues.

Apesar dessa relação entre público e igrejas, o diálogo entre essas esferas enfrenta questões e polêmicas, tanto com as iniciativas da Igreja católica quanto das evangélicas.

A pessoa que está em situação de rua é um ser humano integral. Ele está em situação de rua, mas ele é um profissional de uma área, um pai de família, um dependente químico, etc. Ele está em situação de rua, mas ele tem problemas jurídicos, problemas físicos, de saúde mental, de saúde física. Então, as abordagens são muito distintas.  Um atendimento é bom em uma determinada área, o outro é bom na outra. Então, muitas vezes você tem um atendimento que não se combina com outro.

Enquanto o poder público consegue atender uma parte da equação, o terceiro setor, a Igreja e outras iniciativas que existem, conseguem atender outros aspectos que o poder público hoje não atende. Mas nenhum deles consegue lidar com a totalidade do problema. Então, a grande mudança no comportamento e até mesmo nos equipamentos públicos, privados e do terceiro setor seria um tipo de um tipo de integração, de diálogo entre os entes.

Quando falamos de assistência social, falamos de todo um universo, e a saída é sempre somar forças.