Ataque da Folha de S.Paulo à Universal revela preconceito

A matéria da Folha de S.Paulo criticando a Folha Universal por apoiar o governo Bolsonaro faz um coro com o Estadão ao apontar as ligações das igrejas evangélicas com o presidente e o Governo Federal.

No caso do Estadão, há denúncia de ilegalidades. Estamos falando do uso de recursos públicos para fins privados com intermediação e beneficiamento de religiosos, de instituições religiosas.

O que a Folha de S.Paulo fez, no entanto, é simplesmente apontar essa relação de apoio da Igreja Universal ao governo Bolsonaro. E por trás desse “denúncia” há a ideia de que a instituição religiosa não deveria se manifestar politicamente.

A Folha Universal se defendeu dizendo que não se responsabiliza pela opinião dos seus colunistas, que não tenta interferir nas escolhas da Folha de S.Paulo e que espera ser tratado da mesma forma.

Por incrível que pareça, na matéria da Folha de S.Paulo transparece uma visão de que a Folha Universal não é um veículo jornalístico, é um instrumento unicamente da direção da Igreja e que, por essa ligação com uma instituição religiosa, não deveria intervir no debate público. Mas essa é uma ideia de espaço público bastante normativa e problemática, e que carrega em si um preconceito da atuação política dos evangélicos.

Eu digo isso apesar de o posicionamento da Universal me desagradar. E eu acho que eles também são hipócritas com as críticas que fazem. Mas vejo que há o direito dos colunistas da Folha Universal terem seu posicionamento político.

A posição da Folha de S.Paulo parece uma atitude de revolta de uma empresa de notícias bem estabelecida no debate público, na esfera pública, em relação a uma empresa que – admite-se - tem relevância por sua audiência, mas considera como não tão legítima assim para abrir certos debates no espaço público.