Carnaval e tradições culturais brasileiras entram em conflito com os evangélicos
O avanço do movimento evangélico no Brasil está reconfigurando a dinâmica cultural em várias regiões do país, especialmente em áreas onde as tradições afro-brasileiras têm forte presença. Relatos de uma convivência conflituosa entre a expansão do evangelicalismo e as festas de cultura popular, como o Carnaval e o Maracatu em Pernambuco, são cada vez mais comuns.
Um exemplo disso é a mudança no perfil das seções "baianas" de algumas escolas de samba, que historicamente têm sido associadas à cultura afro-brasileira. Muitos de seus membros estão migrando para denominações pentecostais e neopentecostais, impactando diretamente a participação e a expressão cultural dessas agremiações.
No caso do Maracatu em Pernambuco, uma manifestação cultural profundamente enraizada na tradição religiosa afro-brasileira, a presença de grupos evangélicos tem levado à perda de integrantes e gerado tensões dentro das comunidades. Mestre Chacon, do maracatu de Porto Rico, relata essa situação, destacando como os grupos evangélicos têm afetado a participação nos cortejos e rituais tradicionais.
Além disso, os conflitos religiosos também têm repercussões no cotidiano, como o exemplo dos vendedores de acarajé que se recusam a usar trajes típicos devido à conversão ao evangelismo.
No entanto, o avanço evangélico também está gerando reações e resistência. O pesquisador Luiz Antonio Simas observa que o fortalecimento de enredos com temática afro-brasileira nas escolas de samba é um exemplo disso. Essa tendência, que foi forte nas décadas de 1990 e início dos anos 2000, sugere uma resposta às mudanças culturais e religiosas em curso, buscando preservar e valorizar a herança afro-brasileira em meio à crescente influência do evangelicalismo.
A matéria completa pode ser lida na Folha de São Paulo.