Católicos e evangélicos competem na floresta amazônica

Após as chuvas cessarem, o Padre Moisés Oliveira navegou pelo Rio Purus até São Miguel, uma comunidade isolada na Amazônia, historicamente católica, mas que recentemente enfrentou divisões profundas devido à chegada de um pastor evangélico e à conversão de muitos de seus membros ao evangelicalismo. Essas conversões geraram conflitos e suspeitas dentro da comunidade, onde anteriormente eventos católicos reuniam todos os moradores. O pastor evangélico, conhecido por sua capacidade de atrair seguidores, inclusive ex-católicos, promoveu uma mudança significativa na dinâmica religiosa e social de São Miguel, desafiando a liderança do Padre Moisés e do catolicismo na região.

O Padre Moisés, enfrentando o declínio do catolicismo em toda a América Latina e especialmente no Brasil, seu país natal, viu na visita anual a São Miguel um momento de confronto com as consequências da expansão evangélica. A visita destacou não apenas as mudanças religiosas locais, mas também o desafio maior enfrentado pela Igreja Católica em manter sua presença e relevância em áreas remotas e urbanas, em meio a uma crescente preferência pelo evangelicalismo, que oferece formas de culto mais expressivas e acessíveis a populações desatendidas pelo catolicismo tradicional.

As divisões em São Miguel refletem um fenômeno mais amplo no Brasil, onde o crescimento do evangelicalismo está reconfigurando o panorama religioso, desafiando a hegemonia católica estabelecida desde a colonização portuguesa. A narrativa de São Miguel, com suas histórias pessoais de fé, mudança e conflito, ilustra as tensões e as transformações em curso, revelando as complexidades de uma guerra santa que vai além da teologia, abrangendo questões de poder, identidade e pertencimento em uma das regiões mais biodiversas e culturalmente ricas do mundo.

A matéria completa pode ser lida no Washington Post