Conselho da ONU condena episódios de ódio religioso e países reagem

Conselho da ONU condena episódios de ódio religioso e países reagem

O Conselho de Direitos Humanos da ONU passou uma resolução condenando a queima de exemplares de Alcorão e outros atos de ódio religioso, após episódios de protestos e destruição de livros sagrados ocorridos em Estocolmo, na Suécia, neste mês de julho. Segundo agências internacionais, a resolução foi adotada após um debate solicitado em caráter de urgência pelo Paquistão em nome da Organização de Cooperação Islâmica (OIC), depois que Salwan Momika, um refugiado iraquiano na Suécia, pisoteou e destruiu um exemplar do livro sagrado dos muçulmanos. No dia anterior, ele havia anunciado sua intenção de incendiá-lo. O texto foi aprovado por 28 dos 47 membros do conselho, incluindo China, Ucrânia e a maioria dos países africanos. Sete membros se abstiveram, e 12 votaram contra, incluindo França, Alemanha, Reino Unido, Estados Unidos e Costa Rica.

Duas semanas depois do ocorrido, a polícia de Estocolmo informou que recebeu um pedido de permissão de um indivíduo de 30 anos para queimar uma Torá (Bíblia judaica) e uma Bíblia cristã do lado de fora da embaixada de Israel em Estocolmo, em 15 de julho, como “um ato simbólico em prol da liberdade de expressão”.

Enquanto a resolução do Conselho da ONU foi considerada “um texto equilibrado” pelo embaixador do Paquistão, Khalil Hashmi, países como Reino Unido e Costa Rica advertiram que a medida da ONU vai contra a liberdade de expressão e se manifestaram contra as chamadas leis contra a blasfêmia. "Lamentamos ter que votar contra este texto desequilibrado, mas ele está em insatisfação com as posições que adotamos por muito tempo sobre a liberdade de expressão", afirmou a embaixadora dos Estados Unidos, Michele Taylor.

“Independentemente da forma que assuma, ninguém deve enfrentar penalidades criminais por expressar suas convicções fundamentais, nem por discordar de uma determinada religião ou sistema de crenças. A resolução anti-blasfêmia adotada pelo Conselho de Direitos Humanos é um retrocesso preocupante para as proteções internacionais à liberdade religiosa”, afirmou, em nota, o diretor de Advocacy na ONU da organização ADF International, Giorgio Mazzoli.

E você, o que pensa sobre as leis anti-blasfêmia? A liberdade de expressão deve incluir o direito de desrespeitar símbolos sagrados das religiões?

Para nunca esquecer: No episódio conhecido como Noite dos Cristais, em 9 e 10 de novembro de 1938, os nazistas queimaram milhares de Torás na Alemanha e Áustria e incendiaram 4.400 sinagogas, defendendo um mundo livre de judeus.

Para nunca esquecer.

Para nunca esquecer.

*Os textos publicados pelo Observatório Evangélico trazem a opinião e análise dos autores e não refletem, necessariamente, a visão dos demais curadores ou da equipe do site.


Marília de Camargo César nasceu em São Paulo, é casada e tem duas filhas. Jornalista, é editora-assistente de projetos especiais do Valor Econômico, maior jornal de economia e negócios do Brasil. É também autora de livros que provocam reflexão nas lideranças evangélicas. Suas obras mais conhecidas são Feridos em nome de Deus, Marina — a vida por uma causa e Entre a cruz e o arco-íris.