Evangélicos ricos querem isolar seus filhos com homeschooling

O apoio à pauta da educação domiciliar não vem das camadas sociais mais baixas entre evangélicos, mas, sim, das médias e altas. O pobre nem sempre sabe da possibilidade dessa modalidade de ensino e, mesmo sabendo, não tem estrutura para dar conta dela, pois requer métodos de ensino, tempo, formação, materiais. Na maior parte das vezes esses pais precisam que a criança esteja na escola para poderem ir trabalhar.

Um dos medos que os pais da homeschooling têm é o de que filhos se envolvam em causas sociais, em militância social. Isso, para eles, é sinônimo de “esquerda”. Mas para resolver essa demanda, o evangélico das classes mais altas tem várias escolas confessionais evangélicas, que foram fundadas por missionários religiosos. São os colégios batistas, presbiterianos, metodistas, adventistas e as escolas de igrejas pentecostais.

As escolas confessionais protestantes surgiram no contexto das missões. Algumas delas adotam o chamado método de “educação por princípios”, um modelo que veio dos estados unidos, que pretende ensinar as disciplinas do currículo fundamental e médio com bases na bíblia. Esse método foi organizados por educadores cristãos e não, necessariamente, teólogos ou biblistas.

Nesses espaços, os estudantes são apartados de temas que tenham a ver com causas sociais; a ideia é oferecer uma “educação por princípios” que propõe uma interpretação forçada da bíblia junto com os currículos.

Mas, se essa solução está disponível, por que, então, buscar a legalização do homeschooling?

A estrutura necessária para o homeschooling não se refere apenas aos pais terem escolaridade e método para ensinar seus filhos. Não é exatamente disso que se trata. Na maior parte dos casos, não são as mães e os pais que vão dar aula. Eles contratam professores particulares evangélicos.

A preocupação é que o filho tenha uma educação com validade estando em casa e, portanto, em uma condição mais isolada em relação à sociedade. É preciso lembrar que os evangélicos conservadores e fundamentalistas possuem um discurso muito próprio de alta moralidade em relação às questões sobre sexualidade. Acima de tudo, há o medo de que o filho fique exposto a debates e conversas, mesmo fora do ambiente das salas de aula, sobre esse assunto.

Dentro de casa entende-se que o filho estará em um ambiente são, “protegido”, onde, além de não se envolver em pautas sociais, temas como homoafetividade e discussões sobre gênero e sexo não aparecem.