Fé e psicoterapia são elementos inconciliáveis?

Fé e psicoterapia são elementos inconciliáveis?

No dia 15/9, o Partido Novo e o Instituto Brasileiro de Direito e Religião acionaram o Supremo Tribunal Federal para tentar reverter resolução que veda a associação de atividade profissional de psicólogos a crenças religiosas e ações que “estimulem ou sejam omissas à intolerância” contra minorias. Segundo reportagem da Carta Capital, na prática, “o texto tenta reverter a resolução dada pelo Conselho Federal de Psicologia em 1999, que, entre outras coisas, proíbe práticas como terapia de reversão sexual e de gênero, conhecidas popularmente como ‘cura gay’”. O proselitismo religioso, em particular o evangélico, esteve em pauta na mídia naquele ano por conta do trabalho “engajado” de psicólogos cristãos nessas questões de sexualidade. Ao final, venceu o CFP, determinando que o exercício profissional deve ser fundamentado em princípios, conhecimentos e técnicas reconhecidas na ciência psicológica, na ética e na legislação profissional.

A ciência psicológica, no entanto, pode se aliar à espiritualidade no tratamento dos pacientes nos consultórios. Essa é a tese da dra Lisa Miller, psicóloga clínica e autora de “The Awakened Brain”. Fundadora e diretora do Spirituality Mind Body Institute da Universidade de Columbia, o primeiro programa de pós-graduação e instituto de pesquisa da Ivy League em espiritualidade e psicologia, Miller defende que “Na última década, houve uma onda de transformação daquilo que os clientes procuram em seus terapeutas”, diz ela num artigo publicado pela Templeton Foundation. “Agora é muito comum que um cliente pergunte ao terapeuta: ‘Você trabalha de uma perspectiva espiritual? Você inclui espiritualidade em seu trabalho?”, afirma. “Os terapeutas que levam em conta a espiritualidade podem encorajar seus pacientes a praticar a compaixão ou o autoperdão”, diz o artigo. “...podem encorajar os clientes a orar, meditar ou refletir sobre os momentos em que se sentiram mais próximos de Deus, da natureza ou de um poder superior.”

Para aprofundar: Como está esse debate que inclui, e invés de excluir, a fé nos tratamentos psicoterapêuticos? Qual a posição do Corpo de Psicólogos Cristãos (CPPC) a respeito desse assunto? E o que dizem os seus críticos?

*Os textos publicados pelo Observatório Evangélico trazem a opinião e análise dos autores e não refletem, necessariamente, a visão dos demais curadores ou da equipe do site.


Marília de Camargo César nasceu em São Paulo, é casada e tem duas filhas. Jornalista, é editora-assistente de projetos especiais do Valor Econômico, maior jornal de economia e negócios do Brasil. É também autora de livros que provocam reflexão nas lideranças evangélicas. Suas obras mais conhecidas são Feridos em nome de Deus, Marina — a vida por uma causa e Entre a cruz e o arco-íris.