Festa junina muda de nome e conquista as igrejas
Sou do tempo em que festa junina era coisa só para católicos. A referência aos santos João, Antônio e Pedro, celebrados nessas comemorações repletas de deliciosos quitutes (quem não aprecia as comidas típicas desses arraiás?) remetia sempre à idolatria romana, e os evangélicos eram orientados (para não dizer proibidos) a não participar. Claro, sempre havia como burlar as regras sob o pretexto de ir somente para ver os filhos dançarem as divertidas quadrilhas das escolas. Ô tempo bom.
Mas esta norma tem mudado e cada vez mais igrejas evangélicas adotaram as datas juninas para festejar os próprios “arraiás”. Elas a chamam apenas de Festa Caipira. Soa melhor, menos pagão. Igrejas como a Presbiteriana Redenção, de São Paulo, ou Presbiteriana Raízes, do Rio de Janeiro, e o Templo Labaredas de Fogo, de Ananindeua, no Pará, já marcaram data para suas festas caipiras.
Para apurar: as razões teológicas por trás da aversão protestante às festas juninas, origens pagãs desses eventos, pastores/igrejas que condenam a participação dos fiéis, alegando espaço de “contaminação espiritual”, ecumenismo ou aculturação.
*Os textos publicados pelo Observatório Evangélico trazem a opinião e análise dos autores e não refletem, necessariamente, a visão dos demais curadores ou da equipe do site.
Marília de Camargo César nasceu em São Paulo, é casada e tem duas filhas. Jornalista, trabalhou nos principais jornais de economia e negócios do Brasil. É também autora de livros que provocam reflexão nas lideranças evangélicas. Suas obras mais conhecidas são Feridos em nome de Deus, Marina — a vida por uma causa e Entre a cruz e o arco-íris.