Igrejas conservadoras e a resistência para a ordenação feminina

Igrejas conservadoras e a resistência para a ordenação feminina

Igrejas evangélicas conservadoras resistem à ordenação feminina devido à interpretação fundamentalista e literal da Bíblia. Essa resistência não está estritamente ligada à associação com a extrema direita, mas sim ao receio de abrir caminho para a ordenação de gays no futuro, o que poderia estabelecer um precedente.

Essa visão está relacionada ao medo desses grupos em relação ao avanço do liberalismo teológico, um movimento surgido no final do século 19, que propôs uma leitura histórico-crítica da Bíblia.

No meio evangélico brasileiro, é comum ouvirmos pastores argumentando que a secularização da Europa ocorreu devido ao avanço do liberalismo teológico no continente. Esse movimento é apontado como responsável pelo esvaziamento dos cultos protestantes, levando algumas igrejas europeias a se transformarem em bares, bibliotecas e mesquitas.

O pastor presbiteriano Augustus Nicodemus compartilha essa perspectiva:
“Defesa da Fé – Considerando o ciclo da criação e recepção teológica (Europa, América do Norte e América do Sul), o senhor julga que o liberalismo pode ter decretado a decadência da Igreja evangélica na Europa?

Profº Nicodemus – Creio que esse seja um dos fatores, mas outros poderiam também ser apontados, como, por exemplo, a secularização da vida e da sociedade européia, o materialismo e o abandono dos princípios do cristianismo em todas as áreas da vida. Até mesmo igrejas que não são liberais têm dificuldade em se manter na Europa de hoje. Todavia, o liberalismo teológico é responsável pelo esvaziamento das igrejas históricas e tradicionais, mas não necessariamente pela secularização do continente como um todo.” (Fonte: ICP)

Rev. Augustus Nicodemus, ex-chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie e ex-vice-presidente da Igreja Presbiteriana do Brasil, compartilha essa perspectiva.

*Os textos publicados pelo Observatório Evangélico trazem a opinião e análise dos autores e não refletem, necessariamente, a visão dos demais curadores ou da equipe do site.


Guilherme Damasceno é teólogo (UMESP) e pedagogo (Claretiano), mestrando em Teologia na PUC-SP. É seminarista na Igreja Presbiteriana Independente do Brasil e membro do Grupo de Pesquisa Teologia Litúrgica da PUC-SP. Foi presbítero pentecostal e pesquisador do movimento, como resultado da vivência publicou o livro "Pentecostalismo Brasileiro: História e Educação Teológica". Atualmente atua como mobilizador de jovens evangélicos. Instagram @gui.damasceno