Igrejas disputam o mundo da cultura e rompem antigas divisões
As igrejas neopentecostais, a partir dos anos 2000, resolveram disputar os espaços, incluindo nos meios de comunicação, na indústria da cultura, no campo da música, na arte e também o mercado desses espaços na cidade. Elas fizeram essa inversão teológica dialogando com o mundo secular, e até rompendo com essa delimitação do que é o secular e o que é religioso. Isso desafia a nós, pesquisadores, para pensarmos o que é secular e o que não é e, inclusive, se existe esse limite, se existe uma divisão clara entre crente e o não crente.
Não muitos anos atrás, havia o crente que se ouvia ou não ouvia nada. Eu conhecia jovens evangélicos que não ouviam música. Havia uma separação muito rígida. Já atualmente, os cristãos têm muitas referências gospel, mas eles também não escutam só isso. O mundo cristão é muito mais flexível, e há uma possibilidade muito maior de se transitar. Com isso, as próprias músicas gospel se aproximaram muito da música secular. Por exemplo: entrevistando jovens para pensar essa relação dos evangélicos com a Cultura eu descobri o estilo Worship, que a tradução seria “louvor”. É um estilo voltado para os jovens, com influência do folk, do rock, do pop e do eletrônico - portanto, com muita influência da música dita secular. Ele se apropria de outros estilos considerados seculares para levar a doutrina evangélica e estabelecer diálogo com os jovens.
Há um entendimento que, se não for assim, o jovem vai embora da igreja. Então a igreja precisou fazer esse movimento, se reinventar e se rearticular, utilizando essa roupagem do mundo secular.