Jornalismo é preconceituoso e desinformado sobre evangélicos
Como jornalista, me sinto com "lugar de fala" e experiência para dizer que jornalistas fazem parte de uma fatia bastante específica da sociedade brasileira: geralmente estudaram em escolas privadas para garantir sua vaga em universidades públicas e sempre tiveram livro dentro de casa.
Em São Paulo, eles pertencem ao chamado “círculo Elizabeth Arden” e sua experiência de Brasil tem a ver com a vida que levam os moradores dos bairros de elite: Jardins, Higienópolis, alguns no centro, Vila Mariana, Pinheiros e Itaim Bibi. Nenhum ou quase nenhum viveu a periferia, tem amizade com moradores das periferias. E não frequentam nem frequentaram igrejas evangélicas ou têm amigos evangélicos.
Embora existam iniciativas para cobrir o tema dos evangélicos, as tentativas são rasas porque o público evangélico já é visto de antemão como alguém que é maluco ou picareta. E infelizmente para os evangélicos, nesse momento, existem cristãos hoje dando margem para confirmar os estigmas sobre evangélicos. Quando a arma do ex-ministro e pastor Milton Ribeiro dispara no aeroporto, quando pastores usam a Bíblia para fazer negócios escusos, eles estão justificando essa desconfiança.
Quem afirma que dizer algo positivo sobre os evangélicos é um problema está reagindo ao fato de que durante anos os jornais não trataram os evangélicos como pessoas normais. Eles sempre foram estranhos para a imprensa, um tema que repórteres e editores evitam e, quando precisam cobrir, querem se livrar o quanto antes. É como se dissessem: - “Tomara que a eleição acabe logo para esse pessoal que acredita em Deus sair de cena, porque eu quero falar de outras coisas.” Porque o tema "evangélicos", para essas pessoas, só existe dentro da lógica do confronto, do estranhamento.