O sonho do pastor Martin Luther King Jr. ainda não se realizou
O aniversário de 60 anos, neste 28 de agosto, daquela que ainda é tida como uma das mais importantes manifestações por justiça e igualdade racial nos Estados Unidos – a Marcha sobre Washington, em 28 de agosto de 1963 – liderada pelo pastor batista Martin Luther King Jr., foi lembrado pela mídia em todo o mundo. Naquele dia, diante de uma multidão estimada em 250 mil pessoas, em Washington, King fez um discurso que se tornaria lendário, sintetizando o desejo por liberdade, igualdade e oportunidades de emprego para os negros americanos: “I have a dream” – “Tenho um sonho”.
“Fizemos progressos nos últimos 60 anos, desde que o Dr. King liderou a Marcha sobre Washington”, disse Alphonso David, presidente e CEO do Fórum Económico Mundial Negro”, conforme matéria da agência AP. "Chegamos ao topo da montanha? Nem perto."
Se King estivesse vivo, quais seriam suas demandas? Que assuntos ele estaria encorajando sua igreja a debater e que pautas estaria defendendo?
Para Wale Hudson-Roberts, coordenador da área de justiça racial da Baptist Together, organização que reúne mais de 2 mil igrejas batistas no Reino Unido, e que promove treinamentos para igrejas sobre esse tema, algumas das agendas de King possivelmente incluiriam a defesa contra a misoginia, o combate à injustiça climática, que faz com que grandes grupos de africanos e asiáticos sejam forçados a abandonar seus países, “lançando esses países num ciclo de depressão econômica permanente”, escreve Hudson-Roberts em artigo para a “Premier Christianity”. Ele inclui ainda a luta contra a pobreza: “Com o custo de vida a afetar os mais vulneráveis, King motivaria as igrejas a identificar as causas profundas deste problema e a tratar de seus sintomas”.
No Brasil, quem são as lideranças negras evangélicas ou que organizações poderiam ser associadas à defesa por igualdade e justiça racial? Que influência têm e que resultados podem ser atribuídos a seus esforços? Que políticas públicas já foram impulsionadas por movimentos ligados às agendas identificadas no discurso do reverendo King?
*Os textos publicados pelo Observatório Evangélico trazem a opinião e análise dos autores e não refletem, necessariamente, a visão dos demais curadores ou da equipe do site.
Marília de Camargo César nasceu em São Paulo, é casada e tem duas filhas. Jornalista, é editora-assistente de projetos especiais do Valor Econômico, maior jornal de economia e negócios do Brasil. É também autora de livros que provocam reflexão nas lideranças evangélicas. Suas obras mais conhecidas são Feridos em nome de Deus, Marina — a vida por uma causa e Entre a cruz e o arco-íris.