Pentecostalismo Desafia o Preconceito e Promove Mudança

Pentecostalismo Desafia o Preconceito e Promove Mudança

O preconceito é uma atitude que jamais traz benefícios. Caracterizado pela desqualificação de indivíduos baseada em seu credo religioso, cor da pele e condição social, o preconceito se mostra como uma manifestação grosseira e injusta, frequentemente imposta por determinadas classes sociais sobre outras. Nesse contexto, os evangélicos, especialmente os pentecostais, são vítimas dessa dura realidade em nosso país, um fenômeno religioso que, ao longo dos anos, tem sido objeto de pesquisas e estudos acadêmicos.

O pentecostalismo se destaca no movimento evangélico por suas características únicas. Segundo o Dr. Robert Menzies, os pentecostais são definidos como cristãos que acreditam que o livro de Atos dos Apóstolos oferece um modelo para a igreja contemporânea, incentivando todos os fiéis a buscar o batismo no Espírito Santo, como descrito em Atos 2:4, como uma capacitação para a missão, evidenciado pelo dom de falar em línguas. Essa crença na possibilidade de viver experiências similares às dos apóstolos nos dias atuais origina uma hermenêutica distinta, conhecida como hermenêutica pentecostal, que se diferencia das tradições de outras correntes cristãs.

Os pentecostais estão presentes em diversos setores da sociedade, notavelmente nas comunidades mais carentes, onde pessoas sem perspectivas de vida e marginalizadas encontram, nas igrejas pentecostais, um refúgio e uma oportunidade para uma transformação significativa em suas vidas. Como herdeiros do protestantismo, os pentecostais enfatizam em sua doutrina que Jesus é o Salvador da humanidade, único capaz de promover mudanças verdadeiras e milagres. Para seus seguidores, essa mensagem funciona como um "remédio" para as adversidades, oferecendo não apenas uma chance de renovação pessoal mas também a inclusão na "família de Deus", refletindo positivamente em seu entorno social. Assim, abandonam práticas prejudiciais, como a criminalidade e o uso de drogas, adotando, por meio da fé em Cristo, um novo caminho de discipulado e transformação.

Na prática litúrgica pentecostal, destaca-se um momento conhecido como "oportunidade", no qual os fiéis, independentemente de seu nível de instrução, expressam sua fé e gratidão por Jesus. Empoderados pelo Espírito Santo, engajam-se nas atividades da igreja, sentindo-se valorizados na comunidade que integram. A fé, portanto, representa um pilar central na vida dos pentecostais, sustentando-os mesmo nas circunstâncias mais adversas.

O preconceito contra os pentecostais manifesta-se de várias formas, destacando-se, principalmente, o preconceito entre os próprios evangélicos — onde alguns grupos afirmam que os pentecostais carecem de uma teologia sólida — e o preconceito social, especialmente notório entre as classes mais altas, que veem com desdém as expressões de religiosidade popular. No entanto, é importante reconhecer que as falhas atribuídas aos pentecostais não são exclusivas a eles, mas sim, são problemas humanos, presentes em diversos segmentos da sociedade.

Apesar dos desafios impostos pelo preconceito, os pentecostais constituem o segmento religioso que mais cresce no Brasil, evidenciando sua resiliência e a força de sua fé.

*Os textos publicados pelo Observatório Evangélico trazem a opinião e análise dos autores e não refletem, necessariamente, a visão dos demais curadores ou da equipe do site.


Ediudson Fontes é formado em Bacharel em Teologia pela Fateos. Convalidou o diploma pela Fatin. Pós-graduação em Ciência das Religiões pela Faculdade Kennedy. Mestrado em Teologia Sistemática pela Fateos. Professor de Teologia de várias disciplinas em instituições teológicas. Autor das obras: Panorama da Teologia Arminiana; Reforma Protestante e Pentecostalismo – A conexão dos cinco solas e a Teologia Pentecostal e A Soteriologia na relação entre o Arminianismo e Pentecostalismo (todos publicados pela Editora Reflexão). Coautor da Teologia Sistemática na ótica pentecostal (Versejar Gospel) e Doutrinas Pentecostais (Editora Ensinai). Membro do Conselho Administrativo do CPEMP (Centro de Preservação e Estudos do Movimento Pentecostal). Pastor auxiliar da Assembleia de Deus – Cidade Santa no RJ.