Quem deveria curar as feridas, está causando-as
Quase 5 mil denúncias contra líderes religiosos por violação de direitos humanos foram acolhidas pela ouvidoria do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania entre agosto de 2022 e novembro de 2023. Não há dados anteriores para comparação.
Embora nem todos os registros incluam a crença da vítima, o protestantismo se destaca quando a fé é informada, seguido do catolicismo, segundo reportagem da Folha de S.Paulo. “Os casos descritos envolvem desrespeitos a direitos sociais, vida, liberdade, integridade e igualdade. Episódios de LGBTfobia, por exemplo, chegaram a 153.”
Para aprofundar: igrejas pentecostais ou neopentecostais costumam apontar “potenciais namorados (as)” heterossexuais para fiéis que admitem ter atração por pessoas do mesmo sexo. Há vários casos de casamentos feitos por “orientação profética” dos pastores, inibindo assim a exposição da orientação homoafetiva. Esse tipo de conduta rende uma boa matéria de comportamento. Em meu livro “Feridos em nome de Deus” (Mundo Cristão/2008) conto algumas histórias desse tipo e podem servir como referência.
Marília de Camargo César nasceu em São Paulo, é casada e tem duas filhas. Jornalista, é editora-assistente de projetos especiais do Valor Econômico, maior jornal de economia e negócios do Brasil. É também autora de livros que provocam reflexão nas lideranças evangélicas. Suas obras mais conhecidas são Feridos em nome de Deus, Marina — a vida por uma causa e Entre a cruz e o arco-íris.