Reflexão cristã sobre o aborto: Amor e compaixão no contexto atual
Em comunicação com o Observatório Evangélico, Zenon Lotufo Jr. oferece uma reflexão sobre a questão do aborto, enfatizando a necessidade de abordá-la com amor e compaixão. Ele sugere que é essencial considerar o contexto cultural e espiritual, bem como refletir sobre o papel do conhecimento e da tecnologia na sociedade. Lotufo propõe que, para compreender plenamente essa questão, é importante olhar para conceitos como amor, sexualidade e liberdade, e buscar uma sabedoria mais profunda através da oração e estudo.
Confira suas palavras:
A meu ver, essas questões referentes ao aborto precisam ser vistas 1) sob a luz do amor/compaixão; 2) em um contexto sistêmico, que leve em conta fatores culturais avessos a qualquer expressão de espiritualidade (dentre os quais, certas formas de religião e outras tantas de psicoterapia).
Vem crescendo algo que não é novo, mas que ganhou impulso em fins do século XIX e cuja essência está no desprezo das qualidades humanas que não contribuam para, de algum modo, sobrepujar o próximo. Amor agape, mansidão e humildade, por exemplo – que Jesus anuncia como chaves da paz interior – vêm desaparecendo até mesmo de recentes traduções da Bíblia.
O conhecimento, a “ciência”, a tecnologia, importantíssimos com o são, impregnam-se da visão gnóstica de que constituem a chave da “salvação”. Não estão a serviço de algo que lhes confere sentido, mas são sustentadas pela crença ingênua de que seu simples acúmulo levará à terra prometida.
Por difícil que seja compreender e assumir posições compassivas no que se refere às questões relativas ao aborto (ora no centro das discussões), isso se torna inviável se não atentarmos para o quadro mais amplo, para o sistema que envolve, entre outras questões, o que se quer dizer ao falar de “amor”, de sexualidade independente de amor, de liberdade como um fim em si mesma.
Enfim, para ser sal da terra e luz do mundo nesse contexto precisamos orar, estudar, refletir e buscar a sabedoria do Espírito para que nossas expressões se mostrem relevantes e evidenciem os fundamentos em que se apoia nossa fé.