Religião ocupa o centro das políticas públicas sobre droga

Os debates atuais referentes às políticas públicas sobre drogas estão assentados, principalmente, em duas bases: a proibicionista e a presença da esfera religiosa. Em relação à segunda, cresce cada vez mais a demanda para que os aspectos espirituais e religiosos sejam parte central nas políticas públicas de atenção e cuidado aos usuários de drogas.

Especialmente nas metodologias de tratamento e cuidado, a religião hoje é tida pelo governo como um recurso necessário. Nesse contexto, algumas críticas direcionadas às CTs se referem à atuação religiosa como promotora e articuladora política, no argumento de que esses espaços não operam politicamente sem a presença da prática religiosa nos tratamentos.

Podemos observar que o financiamento público dessas instituições tem centralidade no debate nos últimos 10 anos, tendo um dos marcos o Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas. Recentemente, o Cebrap lançou um estudo fazendo um levantamento do financiamento que CTs religiosas recebem. Esse levantamento é importante porque mapeia especificamente esse ponto, que é o “pomo da discórdia” político, como diz Denis Petuco, no debate sobre política, espiritualidade e drogas. Com isso, sabemos que não podemos negligenciar a religião como presença de articulação política importante no Estado e na implementação de políticas públicas de drogas.