Show de irrelevância

Lula e a estratégia de distanciamento dos evangélicos; crescimento de evangélicos em Portugal; a produção colossal da Sociedade Bíbica Brasileira; o que pensam os fiéis norte-americanos sobre o dízimo.

Show de irrelevância
Crédito: Portal Vermelho /Ricardo Stuckert

Show de irrelevância

O presidente Lula parece desdenhar do rebanho que buscou seduzir durante campanha eleitoral, em 2022. Enquanto candidato, ele chegou a ler uma “carta aos evangélicos” buscando aproximar-se de eleitores avessos a sua candidatura. Com quatro meses de governo, não recebeu nenhuma liderança evangélica em seu gabinete. Tampouco escolheu alguma para o novo Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o chamado "Conselhão", anunciado na quinta-feira, dia 4. “A lista de 246 componentes do Conselhão incluiu representantes de movimentos sociais, do setor financeiro, juristas e empresários, além de personalidades artísticas e culturais da sociedade civil”, informa O Globo. “A única liderança religiosa presente na lista é o padre católico Júlio Lancellotti, da pastoral Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo.”

Para apurar:

· Defensores e críticos dessa estratégia de distanciamento com os evangélicos.

· O que diz a Frente Parlamentar Evangélica sobre isso?

· E os especialistas em pesquisas políticas?

· E os pastores que costumavam frequentar o Palácio do Planalto no primeiro governo Lula, como Silas Malafaia e Jabes Alencar, ambos da Assembleia de Deus?

Ora, pois

O total de registros de novas igrejas evangélicas em Portugal em 2022 foi de 26, um aumento de 62,5% em relação a 2021. É o maior número anual jamais observado no país, segundo dados do Ministério da Justiça do país publicados pelo jornal Diário de Notícias de Portugal. O crescimento se deve em grande parte ao aumento dos imigrantes brasileiros nos últimos anos.

Mas o número pode ser muito maior. A Aliança Evangélica Portuguesa (AEP) informa que tem 360 igrejas filiadas no país, que correspondem a 719 locais de culto. Estudo da AEP envolvendo 350 líderes de comunidades feito neste ano aponta que 45% das suas igrejas nasceram depois de 2000, 6% nos últimos 3 anos. "82% dos respondentes afirma que a comunidade brasileira é a nacionalidade estrangeira mais representada nas suas igrejas; 61% revelam que a maioria dos cristãos que começaram a frequentar a sua igreja nos últimos três anos são brasileiros."

Esta é uma pauta social tão rica que fica difícil resumir em poucas questões. Mesmo assim, lá vão algumas sugestões de abordagem:

· Impacto social do aumento das comunidades evangélicas em Portugal, proporcionalmente um dos países mais católicos do mundo.

· Rejeição dos portugueses contra o fenômeno, que pode estar associado ao crescente preconceito contra o grande número de brasileiros que migraram para o país nos últimos anos.

· Perfil dos pastores que estão fundando igrejas no país, sua influência teológicas e conexões com líderes e igrejas brasileiras (há muita influência de cá para lá)

· Perfil dos recém-convertidos, são ex-católicos? De outros credos? Que mudanças pessoais podem relatar?

Uma Bíblia a cada três segundos

Um congresso seguido de um culto no próximo dia 10 de junho em São Paulo celebra os 75 anos da Sociedade Bíblica Brasileira, organização sem fins lucrativos que se tornou uma das maiores editoras de Bíblias do mundo todo.

Situada em Barueri (SP), onde fica também o Museu da Bíblia, único do país, a SBB possui uma gráfica que já produziu, nesse período, cerca de 200 milhões de Bíblias e Novos Testamentos. Em 2022, uma Bíblia foi impressa a cada três segundos no local. De suas instalações, já saíram exemplares em mais de 30 idiomas, entre os quais espanhol, inglês, francês, árabe e até o ioruba, idioma falado em países africanos.

Para apurar:

· Histórico da SBB e perfil das lideranças atuais da organização

· O negócio de Bíblias – faturamento, empregos gerados, exportações, novos mercados, estratégias modernas de expansão.

· Quem são os atuais “contrabandistas” de Bíblias no mundo, missionários que levam o livro sagrado a países que perseguem os cristãos? E os mais famosos contrabandistas do passado? Há muitas histórias inspiradoras.

Dízimos e ofertas

Uma pesquisa da Lifeway Research, organização americana que monitora tendências ministeriais nas igrejas protestantes do país, revelou que mais de 3 em cada 4 americanos que frequentam igrejas (77%) veem o dízimo como um mandamento bíblico que deve ser cumprido pelos fiéis. O estudo foi feito com 1.002 pessoas entre 19 a 29 de setembro de 2022. O estudo, segundo a organização, tem margem de erro de 3,3%.

A denominação mais fiel nos dízimos é a batista, seguida pelos presbiterianos/reformados e pelos não denominacionais. Luteranos, restauracionistas (também conhecidos como primitivistas cristãos) e metodistas são os protestantes com índices menores de aderência à ideia de doar 10% de seus ganhos para a igreja de forma regular.

Para pesquisar:

· O que é o dízimo e quais as diferentes interpretações dessa doutrina bíblica?

· Que diferença existe entre dar o dízimo e dar uma oferta para a igreja?

· No Brasil, que denominações enfatizam mais a importância da doação e as que preferem ser mais discretas a respeito? Uma pesquisa aprofundada sobre o tema, como fez a Lifeway Research, não atrairia forte interesse?

* Os textos publicados pelo Observatório Evangélico trazem a opinião e análise dos autores e não refletem, necessariamente, a visão dos demais curadores ou da equipe do site.


Marília de Camargo César nasceu em São Paulo, é casada e tem duas filhas. Jornalista, é editora-assistente de projetos especiais do Valor Econômico, maior jornal de economia e negócios do Brasil. É também autora de livros que provocam reflexão nas lideranças evangélicas. Suas obras mais conhecidas são Feridos em nome de Deus, Marina — a vida por uma causa e Entre a cruz e o arco-íris.