Terror e ideologia na guerra entre Hamas e Israel
A guerra entre Israel e os palestinos pode ser avaliada de vários ângulos. Todavia, se nossa análise for teológica é perigosíssimo inserirmos o complexo e histórico problema Palestina-Israel dentro de quadros escatológicos, o que geraria protecionismo acrítico (áurea sagrada em torno de Israel) ou fatalismo (“Hamas é só um instrumento para cumprir profecias”). A teologia que nos ajuda nesses casos é a tradição do evangelho que anuncia as bem-aventuranças aos promotores da paz. Sobre este alicerce bíblico poderoso, denunciaremos e lamentaremos profundamente o terrorismo do Hamas e seus bárbaros crimes de guerra e, ao mesmo tempo, seremos críticos das ações da nação de Israel que tem se tornado nos últimos anos um terror às famílias palestinas com seus bloqueios, torturas e assassinatos. Por isso, quando tratamos o terrorismo do Hamas com tons heróicos ou interpretamos Israel à luz de teorias fundamentalistas, caímos no mesmo buraco: cegueira ideológica.
Para vencermos esse tipo de “neblina de olhar”, que insiste em atrapalhar nossa análise equilibrada e produtiva, é fundamental buscar informações sobre a complexa história do conflito, porque essa atual tragédia só terá trégua com muita negociação internacional — enquanto isso, o povo continua sendo atingido de todas as formas.
No final das contas, sempre desastrosas, os civis são os que mais sentem na pele as monstruosidades dos que desejam poder e alimentam o ódio. Oremos pelas famílias israelitas e palestinas que vivem o desespero da guerra.
Bem-aventurados são os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.
*Os textos publicados pelo Observatório Evangélico trazem a opinião e análise dos autores e não refletem, necessariamente, a visão dos demais curadores ou da equipe do site.
Kenner Terra é doutor em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Pastor da Igreja Batista Betânia, RJ, e Coordenador do Curso de Teologia da Universidade Celso Lisboa. Membro da Associação Brasileira de Interpretação Bíblica (ABIB) e da Rede Latino-americana de Estudos Pentecostais (RELEP). Acompanhe o Kenner no YouTube, Twitter e no Instagram.