ChristSummit – o escândalo.

ChristSummit, o grande congresso de “empreendedorismo cristão”.

ChristSummit – o escândalo.
O cantor Anderson Freire, uma das atrações do ChristSummit


O assunto da semana é o ChristSummit, um grande congresso de “empreendedorismo cristão” que convida os participantes a “desbloquearem seu potencial divino para prosperidade financeira, relacionamentos fortes e sucesso profissional em apenas 2 dias”. Também chamado de “Convenção Internacional de Empreendedorismo Cristão”, o evento vai acontecer nos dias 2 e 3 de junho, em Alphaville-SP.
O versículo que inspira o evento é 2 Coríntios 9:6 – um texto muito usado pelas igrejas no momento de pedir os dízimos de ofertas: “Lembrem-se: aquele que semeia pouco também colherá pouco, e aquele que semeia com fartura também colherá fartamente”.
Para participar do mega evento, é necessário semear muito. Os convites para os dois dias de palestras e shows de música gospel vão de R$ 600 até R$ 7.900, e podem ser divididos em até 12 x (com juros). O ingresso mais caro dá direito a uma dinâmica de “imersão presencial de uma tarde com Janguiê Diniz e Josué Valandro, com direito a mentoria, a troca de experiências, networking, modelagem, lazer, brunch e muito mais...”
Diniz é um dos coordenadores do evento, ao lado de Valandro. O primeiro é um empresário bem-sucedido do setor da educação, fundador e controlador do Grupo Ser Educacional (cerca de 325 mil alunos e 13 mil funcionários). O segundo é pastor da Igreja Batista Atitude, da Barra da Tijuca ( RJ), também conhecido como o pastor da ex-primeira dama Michelle Bolsonaro.
Entre os muitos palestrantes estão nomes como dos pastores Claudio Duarte e Lamartine Posella, o autor best-seller William Douglas, empresários como Oseias Gomes (rede Odonto Excellence Franchising) e Carlos Wizard, entre outros. O show de encerramento é com o igualmente célebre Anderson Freyre.
Muitos cristãos se escandalizaram com vários aspectos do evento. Vou citar alguns que poderiam ser aprofundados:
• Usar o nome de Cristo como marca de um congresso secular (apesar de parecer religioso).
• Praticar o ecumenismo, convidando membros de outras religiões para ocupar o mesmo palco.
• Cobrar uma fortuna por algo que, segundo alguns, deveria ser oferecido gratuitamente. Estes citam o versículo de Mateus: “De graça recebestes, de graça dai”.
• Promover a teologia da prosperidade, segundo a qual o cristão foi chamado para ser sempre um vencedor, sempre “cabeça”, nunca “calda” – o que parece distante do espírito humilde e modesto de Jesus.
• Promover, em última instância, o “espírito de Mamon” – um espírito maligno associado à ganância.
Parafraseando o apóstolo, o amor ao dinheiro é a raiz de todos os summits.
O que você pensa sobre esses argumentos? Deixe seu comentário.

* Os textos publicados pelo Observatório Evangélico trazem a opinião e análise dos autores e não refletem, necessariamente, a visão dos demais curadores ou da equipe do site.


Marília de Camargo César nasceu em São Paulo, é casada e tem duas filhas. Jornalista, é editora-assistente de projetos especiais do Valor Econômico, maior jornal de economia e negócios do Brasil. É também autora de livros que provocam reflexão nas lideranças evangélicas. Suas obras mais conhecidas são Feridos em nome de Deus, Marina — a vida por uma causa e Entre a cruz e o arco-íris.